Estranheza

Perda do Norte em meio a um continente gelado. Nasceram flores sobre o gelo e árvores secaram na floresta. Os pássaros semeiam os frutos e a terra é sertão. O sol brilha por entre núvens e o calor aquece o corpo exausto.

Aguardar pela certeza é mediocridade; se não bastasse, a irresolutibilidade dos planos traçados pela metade cativa e manipula a vontade. Novos brotos tocam as moléculas de ar e é claro que merecem total entrega da luz. A morte não vinga, deixa lembranças. Novos bastardos anunciam acalento, entretanto, resultam incompreensão no canto. Estranho sentimento em vinco na pele acentua tamanha tristeza, some e deixa rastros que se desfazem constantemente.

Guardiã

Do novo ano ou à pergunta: Tu diz essas coisas para eu ficar preocupado contigo?!

Foda-se!
Quem um dia quiser que sintam pena de si, já morreu há muito. É como pedir afirmação de valor quando já se caracteriza nula. Abominável o dia em que fingir fraqueza e não despertar para vestir a própria roupagem.
Fodam-se os teus votos de fim de ano: feliz todos os dias pra ti!
Não devo votos de felicidade pelo resto da eternidade.

Guardiã

Sobrevôo o meu compasso a procura de corpo tão material quanto o vácuo. Eu apalpo pensamentos que deslizam, como equilíbrio em musgo, para a incoerência.
Admito que detenho o leme e conduzo almas que se encaixam como cabeças de bengalas, uma a uma, numa fila ordenada pelo segundo que se acaba a cada oportunidade individual. Cabeças de bengalas asseguradas pelo andar do cronômetro, formando vagões de beleza. E tão intoxicados de leveza.
Bússula, constelação ou trilha férrea, minha mente brinca em projeção vertiginosa quando da escolha de qualquer rota.

Guardiã