Me afogo na fenda da falta de palavras enquanto o meu corpo desembaraça-se, parestésico. Exponho-me à austera energia na tentativa de que raios perpassem a carne e aqueçam o que definha impacientemente.
Fito: os degraus da escadaria conduzem à escuridão límpida - e eu desço internamente cada centímetro com o prazer de quem antevê uma paz tranquila.
O sol se impõe com claridade que cega: bate num escudo que, feito espelho, entre minha pele e o mundo, joga a energia para longe - e ela explode! Falta o toque e eu congelo com o consentimento do que deveria prever vida.
Ondulando, outro vem, quase primo irmão da energia que não emano, passa sobre a superfície da lagoa e provoca perturbações aquíferas, oscila as árvores e leva aos ares a matéria leve.
Vento que por mim passa rasteiro, ultrapassa a barreira espelhada, toca terminações nervosas e congela-as ainda mais!
Trapaceiro, não leva embora a alma morta. Abraça por completo cada célula à flor da pele e esquece de matar o que não congela em cristal e nem aquece: PERMANECE: parestésico!

Guardiã