Em tempo

Incontidos, teus braços acolhem.
Colo, ventre, pernas, pés também.
Corpos em emaranhado perfeito: sensivelmente no toque alcançam o equilíbrio de êxtase e tranquilidade absoluta. Me falta neste momento.
E antes.
Despertastes algo bom em mim. Apraz-me o eco.
Eco feminino erótico liberto,
transitou pelo corpo como a habilitar-se ao prazer conjunto:
Esgotamento triste.

Acabe a época das flores, rogo.
Há tempo ainda de retomar o rumo errado.

Guardiã

Instante

Quando a vida é o tempo-espaço da morte e a morte é o tempo-espaço da vida:
Quem sabe que vive? Quem sabe que perambula pela eternidade?
Não serão morte e vida habitantes do mesmo tempo-espaço, exigindo que cada criatura decida, ou antes se dê conta, perceba, qual mundo habita?!
Impróprio de julgamento é o sujeito que espreita confuso, encantado, dormente, angustiado, sereno a morte chegar à cova de outra criatura demasiadamente bela para se afogar dentre a multidão de falsa humanidade.
Que espreita naturalmente e acompanha admirado o desfecho que queria para si, que queria sinceramente desviar do destino doutro - mas que não lhe pertence.
Limites tênues mentêm o socorro possível e se desfazem quando o tempo-espaço não precisa mais ser definido. Seja o que for, afinal, vida e morte libertou e recebeu:
De corpo e alma mortos (em vida ou em morte) surgiu o grito que se propõe libertador.

Guardiã